quarta-feira, 12 de agosto de 2015

WATERFRONT E CAMPS BAY

Sábado é quase obrigatório fazer programa de turista, né? Nossos amigos britânicos tinham deixado o campus na sexta-feira, e alugado uma casa em Camps Bay para o fim de semana. Como bons amigos que são, convidaram e eu mais alguns para jantar com eles no sábado à noite.
No sábado de manhã, então, eu e Tina (uma das minhas roomates, alemã) fomos passear no famoso Waterfront, almoçar lá... com plano de assistir o pôr do sol na casa dos guris (que era uma casarão com vista pro mar).

Sobre o Waterfront: cinematográfico. Um lugar pra gente se sentir leve, dar risada, sentir a maresia... pra mim e pra Tina foi o momento de suspirar e fazer juras de amor à Capetown. 




Depois de passear, almoçamos e fomos olhar lojinhas e comprar souvenirs. Foi muito legal perceber que a gente já se sente meio local agora, e que olha os preços das coisas e comenta que em tal lugar é mais barato, ou que esse valor é "pra turista", hehe. Finalmente nos demos conta de que não lembrávamos em qual estacionamento tínhamos deixado o carro. E o Waterfront é ENORME. Foi uma aventura, mas logo achamos o nosso bendito clio prata. E seguimos para Camps Bay - levemente atrasadas, porque mulheres e shoppings são uma combinação potencialmente perigosa.
Como percebemos que não iamos chegar a tempo na casa dos guris, resolvemos assistir o pôr do sol na estrada. E foi, com certeza, a melhor coisa que a gente podia ter feito. Fomos rodando pela estrada montanhosa, paramos em 3 lugares diferentes pra sessão de fotos... muito bom! 



É, eu sei. Incrível. 

Depois de tudo isso, nos perdemos um pouco pra chegar na casa dos guris, porque uma das principais ruas estava bloqueada pra obras... mas chegamos. Foi uma noite muito relax, num casarão confortável, com amigos, pizza e muita risada. Não dá pra pedir mais.

SEGUNDA SEMANA NA HOPE

Bom, minha segunda semana na HOPE foi mais ou menos parecida com a primeira. 

Não consigo lembrar exatamente o que eu fiz na segunda-feira =x Até porque foi 2 semanas atrás e aqui acontece tanta coisa todos os dias que fica difícil lembrar de tudo.
Na terça-feira, fui novamente pro round com os pediatras do hospital pra discutir os casos complicados. Após, fomos pro ambulatório pediátrico de HIV. Nada de muito diferente da semana anterior.
Na quarta-feira, fui pro Brooklyn Chest Hospital, com um dos experts em tuberculose. Pra ajudar na imaginação, o BCH é extremamente parecido com o Sanatório Partenon. A estrutura e até mesmo o tipo de paciente. O BCH é um hospital exclusivo para tratamento de tuberculose resistente. Pra quem não sabe, esse é um dos maiores problemas da tuberculose por aqui. O Mycobacterium tuberculosis pode desenvolver resistência com facilidade, sofrer mutações e não mais ser eliminado pelas medicações tradicionais (conhecidas como RHZE). Uma das maiores causas das mutações é a má adesão ao tratamento. Por que? O tratamento tradicional deve ser usado por 6 meses para realmente eliminar a doença. E se você já esquece dose usando 10 dias de antibiótico pra uma sinusite, imagina tomar remédio todo dia durante 6 meses - não é nada fácil. Mas ao falhar doses, a gente acaba selecionando os "bichinhos" mais fortes, e aí não vai mais ser o famoso RHZE que vai resolver. Serão necessárias mais (e diferentes) medicações, por um tempo prolongado. A chance de não responder ao tratamento é ainda maior, causando sequelas cada vez maiores e até mesmo levando à morte. Ou seja, não é brincadeira. Existem dois principais tipos de tuberculose resistente: a MDR-TB (multidrug-resistant TB) e a XDR-TB (extensively drug-resistant TB), como o nome diz, a segunda forma é muito pior e exige ainda mais medicações, por mais tempo ainda, com sequelas muito piores e a cura é bem difícil. A gente não ouve falar tanto disso no Brasil porque AINDA não é um problema significativo pra nós. Temos um bom programa de tuberculose (agradeçam, sim, ao SUS) e isso nos dá uma certa segurança. Mas ao contrário do que muita gente pensa, temos, sim, muita tuberculose. E cada vez que alguém não se trata corretamente está aumentando a chance de termos mais esse sério problema de saúde. No Brasil temos muito estigma sobre TB: muita gente não procura atendimento médico mesmo sabendo que pode ser tuberculose (porque teve contato com alguém ou porque tem todos os sintomas clássicos) porque TB é coisa de presidiário e favelado. E esse tipo de coisa traz grande impacto na saúde pública. Por isso, se tosse> 6 semanas, suador noturno, perda de peso inexplicada, febre ou qualquer outra coisa fora do comum - procurem um médico.
Peço desculpas por me estender sobre tuberculose. Mas é uma coisa bem séria. E acho que conhecimento nunca é demais.


Na quinta-feira, fui junto com a enfermeira Pauline até o distrito de Mfuleni. Eles tem um posto de saúde lá que atende crianças em geral, pré-natal, e adultos com HIV ou TB. Passei a manhã toda lá e pude ver um monte de TB resistente e a forma como eles manejam os pacientes. Bem interessante. Eles fazem as primeiras semanas de tratamento conforme a estratégia DOTS da OMS - DOTS é basicamente o paciente ir todo o dia na clínica/postinho e tomar a medicação na frente da enfermeira. Após as primeiras semanas, eles são liberados pra tomar em casa e vir em intervalos maiores pra revisão. Esse método é inviável pra ser feito com todos os pacientes e por todos os 6 meses de tratamento, por motivos óbvios. Mas tem muitas novas estratégias e novas tecnologias vindo por aí, como eu iria descobrir na outra semana quando começasse o estágio na KID-CRU. Nesse mesmo dia também acompanhei o manejo dos pacientes recém diagnosticados com HIV e pude entender o protocolo deles na prática. Novamente, nada muito diferente da nossa realidade.
Na sexta-feira, fui novamente para o distrito de Delft, para atendimento de crianças com HIV. Foi uma manhã bem longa (chegamos as 07h30 e encerramos as 14h), mas extremamente proveitosa. 

Assim terminou meu estágio na HOPE.. com a sensação de que podia ficar anos e anos fazendo isso!

terça-feira, 4 de agosto de 2015

DO DIA QUE PARECEU UMA SEMANA INTEIRA

Bem atrasado, mas vamos lá. No sábado (25/07), fomos fazer um tour pelas praias até chegar na pontinha, o famoso Cape of Good Hope (Cabo da Boa Esperança, no bom e velho português). Foi um dia cansativo (quase tanto quanto chegar ao topo da Table Mountain), mas conseguimos conhecer vários lugares lindos - e tirar 2378374826129 fotos - num dia só.
Segue nosso roteiro:

1. Muizenberg:


Um "subúrbio à beira-mar" da Cidade do Cabo. Sendo bem sincera, se olhar pra cidade, parece Imbé. Tirando a beira da praia que é maravilhosa, o mar que é limpo e tem ondas de verdade, e os tubarões, claro. No mais, a cidade tem o jeitinho do nosso litoral. Deu até vontade de comer crepe! 


2. Kalk Bay

Kalk Bay é uma vila de pescadores, com todo o charme e poesia possível. Aquela cidadezinha no litoral que aparece nos filmes de sessão da tarde, em que a menina vai fugir de um marido psicopata ou de uma carreira estressante ou qualquer outra coisa do tipo, e acaba se apaixonando por um pescador local. Kalk bay é minúscula, mas com certeza vale a parada pra apreciar.



3. Boulder Beach


Também conhecido como "santuário dos pinguins", Boulder Beach é o lugar pra ficar histérico se você é daqueles que compra tudo de pinguim que vê pela frente (oi, mãe!). Mas, ao mesmo tempo, não é só sobre pinguins. A praia em si é maravilhosa. E cercada de casarões incríveis. Minha impressão após conhecer é "achei um bom lugar pra morrer" - praia linda, uma mansão e pinguins no quintal... parece suficiente pra mim.
Diz pra mim que não dá pra morrer num lugar desses?
Dassies - esse é o nome em Afrikaaner desses fofinhos aí. São roedores tipicamente africanos.

Aparentemente não é permitido levar os pinguins pra casa.


4. Cape Point/ Cape of Good Hope

Cape Point e o Cape of Good Hope ficam no mesmo lugar, dentro dessa reserva imensa. O custo da entrada é algo tipo R120 (o que dá uns 40 reais), mas se você é do tipo que acha esse valor absurdo, nem merece ter acesso a esse lugar. Pra ter uma ideia do tamanho, eles possuem um pacote de trilha de DOIS dias, pra conhecer de pertinho toda a fauna e flora do parque. Obviamente não fizemos essa trilha e fomos pros lugares mais famosos.


Óin que bonitinho o babuíno. NÃO. Babuínos são extremamente agressivos. Quase fomos atacados por um no estacionamento - eles são vários e andam no meio dos humanos tranquilamente, até que do nada começam a correr na tua direção e aí é aquele salve-se quem puder. Mas ok, essa mãe e filho são bem fofinhos.



Foto panorâmica pra tentar dar uma noção da imensidão. Dá pra gente realmente sentir como somos um nada no meio do mundo.
Cabo da Boa Esperança - o ponto mais sudoeste do continente africano (e aquele que a gente aprendeu mil vezes nas aulas de história e geografia)

Não tem muito o que dizer de Cape Point e Cape of Good Hope. São lugares incríveis, com vista incrível. Vale cada segundo.

5. Ostrich Farm
Por último, mas não menos importante, almoço. Saímos da reserva e estávamos exaustos e famintos. E uma das gurias queria muito ver a fazenda de avestruz, que ficava a apenas alguns metros da saída do parque. Na entrada, vários avestruzes bonitinhos olhando pro nada. Resolvemos passar rápido por eles e primeiro comer algo, pra depois olhar os bichinhos. O restaurante dentro da fazenda é todo temático (as porções vem em cerâmicas no formato de avestruz, com pinturas e etc, haha), e a dona do restaurante é uma simpatia só "Please don't tell the animals that we eat them here" (por favor, não contem pros animais que a gente os come aqui). Enquanto esperávamos pela comida, ganhamos um livro com mil curiosidades sobre estes animais ("um ovo de avestruz demora até 2h pra ser fervido"). Pedimos um dos famosos Ostrich Burgers. Uma delícia. Depois de estar com a barriga cheia, sentimos ainda mais o cansaço e acabamos só passando pelos avestruzes pra tirar uma ou duas fotos, e fim. Embarcamos no carro e fomos pra casa. Todos exaustos. WHAT A DAY.

O antes e depois do nosso amigo avestruz.